“Eu olhava esse menino, com um prazer de companhia, como
nunca por ninguém eu não tinha sentido. Achava que ele era muito diferente,
gostei daquelas finas feições, a voz mesma, muito leve, muito aprazível. Porque
ele falava sem mudança, nem intenção, sem sobêjo de esforço, fazia de conversar
uma conversinha adulta e antiga. Fui recebendo em mim um desejo que ele não
fosse mais embora, mas ficasse, sobre as horas, e assim como estava sendo, sem
parolagem miúda, sem brincadeira— só meu companheiro amigo desconhecido.[…] Mas
eu aguentei o aque do olhar dele. Aqueles olhos então foram ficando bons,
retomando brilho. E o menino pôs a mão na minha. Encostava e ficava fazendo
parte melhor da minha pele, no profundo, désse as minhas carnes alguma coisa.”
— João Guimarães Rosa.
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